A bainita inferior possui microestrutura e características cristalográficas similares as apresentadas pela bainita superior. A maior diferença está na precipitação da cementita no interior das ripas de ferrita (Figura). Existem dois tipos de precipitados de cementita: o que cresce a partir da austenita enriquecida em carbono e que separa as plaquetas de ferrita bainítica, e uma segunda cementita que precipita a partir da ferrita saturada. Esta última apresenta relação de orientação de "revenido" encontrada quando ocorre a precipitação de carbonetos durante o tratamento térmico da martensita, pode ser descrita pela relação cristalográfica de Bagaryatski:
[0 0 1] Fe3C || [ -1 0 1]alfa [1 0 0] Fe3C || [ 1 1 1]alfa [0 1 0] Fe3C || [ -1 2 -1]alfa
Não é necessário que os carbonetos da ferrita sejam cementita. Dependendo da composição química e da temperatura de transformação, outros tipos de carbonetos de transição podem ser formados primeiro. Por exemplo, em aços com alto de carbono contendo mais que 1% de silício (este retarda a formação da cementita), pode-se observar a precipitação de carbonetos epson na ferrita bainítica.
Em contraste com a martensita revenida, as partículas de cementita na bainita inferior freqüentemente precipitam com apenas uma relação de orientação cristalográfica (Figura) elas formam ripas dispostas paralelamente a cerca de 60o com o eixo da ripa de bainita. Na martensita revenida, os carbonetos tendem a precipitar com arranjo Windmanstatten. Este modo peculiar de precipitação na bainita inferior pode surgir por que os carbonetos nucleiam na interface ferrita-austenita, e tendem a adotar uma única variante de relação cristalográfica, a que melhor atende a austenita e a ferrita que estiver em contato.
Outra explicação possível é que a precipitação dos carbonetos é influenciada pela tensão criada pelo crescimento da bainita inferior. O efeito pode ser reduzido durante o revenido da martensita porque a energia de ativação para a precipitação dos carbonetos é grande.
Os carbonetos na bainita inferior são extremamente finos, com espessura da ordem de nanômetro e cerca de 500 nm de comprimento. Uma vez que eles precipitam no interior da ferrita, uma pequena quantidade é dividida com a austenita residual. Isto significa que um número pequeno de carbonetos finos precipitam entre as ripas de ferrita, quando comparado com a bainita superior. Uma conseqüência importante é que a bainita inferior usualmente apresenta maior tenacidade que a bainita superior, apesar de possuir maior resistência mecânica. Os carbonetos grosseiros de cementita na bainita superior possuem tendência em serem pontos de nucleação de microcavidades e de trincas de clivagem.